domingo, 29 de maio de 2011

Sobrevida


E em instantes tudo passa a ficar calmo, tão calmo que se faz perder a hora. Não é possivel olhar para os lados, e você tem a nítida certeza de caminhar só.
Posso sentir os ventos gelados chegando e penetrando pela lateral da janela. Tudo é neutro e sem cor, não há mais os aromas perfumados e nem se sabe qual será o gosto que amanhecerá na boca, não há mais tempo de reparar no que antes era belo...
Não há mais pássaros e nem borboletas, não existe mais o azul do céu e nem se ouve mais nada, como se o tempo que antes corria, hoje andasse para trás, numa sobrevida de assustar até os mais incredulos.
A vida se refaz sem nenhum motivo, e não deixa expectativa de quanto tempo te dará.
Só é possivel enxergar um só caminho e acreditem, não é lá dos melhores à seguir...
Os sonhos morreram junto com a vontade de realiza-los, a boca se abre enquanto os olhos se fecham. Essa estrada aberta sinuosamente à força é de uma reta interminavel sendo apenas o único caminho que restou, é dele que se deve tirar o proveito se é que ainda se pode aproveita-lo...
É uma estrada escura e sombria, de árvores velhas, desfolhadas e doentemente corroidas pelo tempo ou pelas circunstãncias, mas que se mantém alí, talvéz pela força de suas raízes, ou apenas para assustar a quem se vê obrigado a passar por entre elas. Enquanto se segue nada te faz acreditar que a paisagem mudará durante o percurso, pelo contrário, tudo parece cada vaz mais aterrorizante, inebriado e frio... Mas é preciso seguir, não há volta, não há retorno, há apenas a certeza que se deve segui-lo até o fim mesmo sem saber se o fim estará proximo ou não.
A cada passo uma memória explode em flashes no subconsciente. São sorrisos, pessoas, lugares, momentos, um verdadeiro turbilhão de pensamentos que remetem a momentos simples e felizes, dos quais a vida proporcionou como uma recompensa daquelas que se deve guarda-las em um baú, relicário do qual jamais deverá ser aberto, feito tesouros perdidos, uma verdadeira caixa de Pandora.
Não há mais choro, nem existem mais lágrimas, tudo isso se foi junto com as cores... A apenas uma tristeza profunda e subliminar, encravada em um olhar distante ou em um sorriso frio. Os dias se passam sem som e tudo que eu gostaria nesse momento era ter forçar prá continuar sozinho e sem medo.